O trabalho voluntário, além de trazer
benefícios pessoais a quem o pratica, como a satisfação de estar
ajudando o próximo, também pode ser uma ótima experiência de preparação
para o mercado de trabalho. De acordo com o presidente da Associação de
Profissionais de Recursos Humanos (APRH) de Sorocaba, Daniel de Carvalho
Luz, muitas empresas consideram o voluntariado como um ótimo
diferencial no currículo de seus candidatos, sendo que isso pode até
fazer a diferença na seleção. "O profissional passa a ver as pessoas com
outros olhos, o que é muito interessante em organizações maiores onde o
ambiente é muito competitivo e todos tendem a se voltar para si
mesmas", destaca.
O presidente da APRH relata que, em algumas seleções, quando dois ou
mais candidatos apresentam características bastante semelhantes, como no
caso das habilidades, formação e pretensão salarial, aquele que tenha
experiências como voluntário acaba sendo o selecionado. "O voluntariado
pode ser grande aliada para abrir portas no mercado de trabalho. Os RHs
enxergam o voluntariado como parte da formação profissional e como um
facilitador para o desenvolvimento de habilidades de relacionamento
humano e trabalho em equipes, decididamente ter histórico de trabalho
voluntário faz diferença no currículo", afirma.
Na hora de escolher qual tipo de trabalho voluntário a pessoa quer
desenvolver, Luz orienta que ela siga o que manda o seu coração.
"Entendo que qualquer tipo de trabalho solidário é válido, mesmo que
fuja do foco profissional. Todo tipo de trabalho é válido porque ajuda a
desenvolver características que serão aproveitadas em qualquer área do
mundo corporativo", afirma. Além disso, é preciso decidir por uma
atividade em que a pessoa se sinta bem e confortável, para que isso não
acabe se tornando um fardo. "O essencial é que o profissional se sinta à
vontade e que o trabalho com o qual escolher contribuir não tenha o
peso de uma obrigação a mais. O mais importante é fazer o que se sente
mais habilitado, mais à vontade, em que se sinta útil à sociedade. A
importância para o currículo será a mesma", revela.
A coordenadora do Centro de Voluntariado de São Paulo, Sílvia Maria
Louzã Naccache, concorda com as colocações do presidente da APRH. "O
voluntariado é uma escolha pessoal, individual e é importante o
voluntário saber o que gostaria de fazer, o que tem de melhor para
oferecer e o que acredita que faria diferença. Cada voluntário deve
pensar quais as habilidades ou talentos que tem de melhor e que deseja
compartilhar, e também deve avaliar se pode cumprir o tempo de acordo
com sua disponibilidade e com muito comprometimento, respeito e
empatia", diz.
ONGs precisam
Em Sorocaba, por exemplo, as entidades estão precisando de voluntários,
para ajudá-las nas mais variadas atividades, conforme foi publicado no
jornal Cruzeiro do Sul, no último dia 25. Há ONGs, associações e
institutos que necessitam de pessoas dispostas a auxiliar na organização
de eventos e bazares beneficentes, na promoção de projetos artísticos e
de lazer a crianças carentes e também para simplesmente atender um
telefone e ouvir os problemas de quem está do outro lado da linha.
Algumas dessas entidades que precisam de voluntários são a Associação
Beneficente Oncológica de Sorocaba (Abos), cujo telefone é (15)
3222-1885; a Oficina de Integração Céu Azul, telefone (15) 3233-1119;
Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba (Amas), telefone (15)
3222-4646; Instituto Humberto de Campos, (15) 3202-8710; e Centro de
Valorização da Vida (CVV), que atende pelo número (15) 3232-4111.
Lei
Para definir diretrizes para o que é o trabalho voluntário existe a lei
9.608, em vigor em todo o Brasil desde 1998. A legislação determina que o
voluntariado precisa ser uma atividade não remunerada, com "objetivos
cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de
assistência social, inclusive mutualidade". A medida também informa que o
serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de
natureza trabalhista previdenciária ou afim. Além disso, antes de a
pessoa iniciar suas atividades, ela e a entidade precisam celebrar um
termo de adesão, onde são constadas as condições de seu exercício, que
são acertadas entre ambos. Caso o voluntário ache necessário, ele pode
solicitar um ressarcimento das despesas geradas no desempenho de suas
atividades.
Como não existe nada que regulamente o trabalho voluntário, o gerente da
regional do Ministério do Trabalho e Emprego em Sorocaba, Ediclei José
de Almeida, afirma que deve haver um bom senso entre ambas as partes,
mas garante que o órgão está de olho. "Se alguém quiser usar o
voluntariado de forma a burlar a lei, havendo a denúncia, a gente vai
proceder a fiscalização e apurar. Fazemos isso por meio de entrevista
com quem está trabalhando, para constatar até que ponto esse
voluntariado é realmente voluntariado", define.
Como aproveitar o voluntariado no currículo
- Comece por uma área onde se sinta mais seguro e confortável. Com o
passar do tempo, e até devido à restrição de recursos comum a projetos
sociais, é provável que você precise contribuir com outras áreas;
- Procure se envolver efetivamente com o trabalho e não fazer da
prática apenas um elemento de promoção pessoal. Além do aprendizado ser
mais efetivo, a paixão pelo que se faz é mais importante do que a mera
informação no currículo;
- No entanto, não deixe de informar no currículo todos os trabalhos
dos quais participou, as atividades desenvolvidas e o tempo dedicado a
cada um deles;
- Comece cedo. A atuação com projetos sociais voluntários, além de
contribuir com o processo de formação do indivíduo, pode auxiliar
profissionais em início de carreira que não têm experiência.